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10-12-2013

Desertar

cabo de guerra.jpg

 

 

Não tenho forças

para brincar de cabo de guerra.

Não tenho a garra,

nem o sangue frio necessário

ou o espírito tático.

Sempre fui covarde.

Sempre detestei os esportes,

as disputas, as competições.

Na escola, obrigada

aos jogos de queimada,

eu integrava a massa humana,

escondida por detrás das outras,

para não ser carimbada.

E era sempre uma das primeiras

a ser eliminada.

Proteger os peitos em botão,

os braços sobre eles cruzados

era minha melhor coragem.

Quedas de braços,

esses jogos de puxar cada qual para o seu lado

me causam desolação,

afinal não tenho nervos

nem coração de aço.

E a corda 

- acorda do violão -

arrebenta sempre

do lado mais fraco.

Já está rota,

se não já

arrebentada.

Por isso deixo que fiquem com a corda toda.

Bati em retirada.

09-04-2012

A difícil despedida nos tempos da Web

Amelie.jpg

Texto meu gentilmente publicado pelos colegas em A Redação:

http://aredacao.com.br/artigo.php?noticias=10849

 

Como realmente sepultar um ex-amor nesse mundo em que todos permanecem vivos e bem à vista? Como dizer um adeus definitivo nesse universo em que todas as pessoas deixam o tempo todo pistas de si mesmas e de seus precários amores no grande aquário?

 

"histórias agudas e crônicas"


 

 

18-03-2012

O presente

CircoTrapezistasF__92697_zoom.jpg

 

Nós que procuramos confusão

com nossos próprios dedos no teclado,

eu, daqui.

você, daí,

cada um no seu retângulo

ou no seu quadrado,

não vamos fugir ou lamentar,

porque no frigir

dos dias,

o circo já foi armado.

E mesmo que pegue fogo

 - e o fogo está ateado -

 a vida é sempre um risco

 para o trapezista,

 o equilibrista,

 o atirador de facas,

 o tecladista,

 o domador de leões

 e até  para  a adestradora de palavras.

 Eu não renunciaria a isto,

 ainda que possamos, a qualquer tempo,

 chutar o pau da barraca

 ou fugir com a mulher do palhaço.

 A vida é sempre um salto

 no mistério e no desconhecido,

 com ou sem a certeza de aplausos

 ou de um próximo espetáculo.

 Vamos viver as delícias e vertigens do picadeiro.

 Vamos viver o presente,

 ainda que ele seja tão incerto

 e tão somente

 o verdadeiro

 presente.

 

Para ouvir: Let it be, Beatles

http://www.youtube.com/watch?v=ajCYQL8ouqw

ou

All you need is love, Beatles

http://www.youtube.com/watch?v=ZXL08IoNKiE