Ok

By continuing your visit to this site, you accept the use of cookies. These ensure the smooth running of our services. Learn more.

23-12-2015

O trem da memória

treem.jpg

Aquele tempo
em que tudo que é sólido se desmancha
já foi embora.
Touchscreen uma face e já passa e já rola.
Hoje tudo o que é líquido
nem mouse se derrama e evapora.
Que tipo de lunática sou,
para que em pleno culto ao transitório,
ao bezerro de ouro do agora,
aos aplicativos de encontros descomplicados
e instantâneos,
aliás, aos aplicativos de aplicações utilitárias
que não arquivam nada,
nem dèja vu, nem sonhos,
em que todo hoje já foi ontem,
e já era o amanhã,
eu queira obstinadamente promover
um resgate da memória,
eu deseje plantar raízes em nuvens?
Talvez eu esteja a capinar os ares,
enquanto perco o bonde da história.
Mas o trem, o trem, o trem,
o diacho do trem
teima em retornar à mesma estação!
Embarcar é um boa
maneira de aferrar-se ao chão
de estrelas e maravilhas
quando tudo esboroa
e descarrilha.
Segura nas mãos
dos teus antepassados
e embarca!

Para ouvir o poema, clique aqui:
podcast

The comments are closed.