30-04-2015
Pas question!
Elle est en train de dormir...
https://www.youtube.com/watch?v=D9YWJzhyKn4
06:03 | Permalink | Comentários (1)
28-04-2015
Prateleiras prateadas
Sempre me encantaram essas prateleiras
prateadas
na roça em que fui criada.
As panelas de ferro
para feijão
cozinhado com toicinho e banha de porco;
para carne de lata,
guardada como tesouro
no tempo das vacas magras,
na falta de eletricidade,
de refrigeradores.
Aquilo que se salga não se perde.
Até a nossa própria carne.
Joga um salzinho que não fede
nem fica podre
- diziam sabidamente os mais velhos
não muito afeitos a bolas de sabão preto
e banhos de bacia.
As vasilhas areadas
na bica d ´água.
Os potinhos de plástico
comportando doces
no alto
ao desalcance
de crianças lombriguentas e esgabiladas.
Os forrinhos bordados
de galos, patos e flores.
O chão batido varrido
com vassoura de piaçava.
A vara pra correr atrás de moleque encapetado
que pirraçava.
A fornalha acesa
para assar milho.
A brasa para aquecer no frio.
O cheiro de querosene
dos lampiões e lamparinas.
Por causa desse amontoamento de utensílios,
voltei fundo aos meus terreiros
de menina.
Mas tornando a voltar às prateleiras,
que são a prova
de que é possível resistir e brilhar
e ser simples.
Nem é preciso ser de ferro ou prata.
Basta
alumínio.
Eu mesma brincava
de fazer prateleiras
de tábua,
à sombra do pé de abacate
varrida,
fogõezinhos de tijolo
para conzinhadinhas,
embora tenha sido tão boa cozinheira
quanto matemática na vida.
As panelas eram latas de extrato de tomate.
E venho brincando até hoje
de casinha,
de casá-las
com a poesia luminosa
que até ontem eu não sabia:
foi esse mundo caipira
que me trouxe.
Com uma trouxa
de roupa amarrada
à ponta de um galho
como um jeca-tatu do cerrado,
vou ter que,
quer queira ou não,
transportá-la
para onde for.
Sem ela, sou um vão.
A dona desta prateleira: Dona Homera, ao lado do marido Sebastião. Em Trindade (Goiás), 2006.
Para ouvir o poema, clique aqui:
08:55 | Permalink | Comentários (1)
27-04-2015
Passarinhada
Da série "Minha arte é meu tesouro", de Camila Valle
Como é bom ser livre,
não mais esperar um chamado,
não mais recear ligações não-atendidas,
mensagens que piscam,
principalmente aquelas que
por não chegarem
nos fazem vibrar a alma.
Hoje acordei sozinha
e disse:
bom dia, querida!
Sem esperar
ser respondida.
Para ouvir uma canção, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=m_AGGExTFrc
Para ouvir outra canção, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=oMV00IZbRtw
17:54 | Permalink | Comentários (1)