12-06-2021
Pudor
Com as valsas de Strauss
que ecoavam pela vizinhança
e um aroma de alcaçuz
que evocava antigas lembranças,
Miss Austen despertou esta noite de seu dossel de cristal.
Os longos cílios há muito entrelaçados
desfizeram-se do emaranhado
e pequena lágrima branca
deslizou até o cadeado.
A senhorita se certificou
de que todas as fenestras estavam bem lacradas,
o fichu sobre as espáduas,
e voltou a repousar tranquilamente,
em regresso a seus sonhos de antigamente.
Aprendeu finalmente
que uma mulher,
para ser amada,
nunca pode estar acordada.
Se escancarada,
nobody miss her.
Para ouvir a gravação do texto, clique aqui:
Para ouvir uma valsa de Strauss, clique aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=a3scvB4Uy30
Para ouvir uma Valsinha, clique aqui:
10:12 | Permalink | Comentários (0)
02-03-2021
A My Captain (in memorian)
Pra que ela não o reconhecesse, ele até pintou os cabelos, depois de ter irrompido de dentro do mar mais palpável do que cibernético, levando uma menina pela mão.
Um menino deus à procura dos óculos e de um mundo perdido.
Para que ela o notasse ele apareceu repetidas vezes em diferentes lugares, como um novo e insistente número mágico.
Para que ela o confundisse,
repetiram-se os cabelos, os olhos, a boca, até a textura da pele, a estreiteza dos quadris, a naturalidade e as circunstâncias do mundo que acabara de acabar, a mesma época do ano até.
Para que ela o reconhecesse,
ele até disse a senha: abre-te, sésamo
e ofereceu um mesmo peito duro de armadura
e umas mesmas espáduas mais propícias à insônia e à tormenta do que ao repouso e à calmaria, embora dessa vez tenha lhe oferecido também um choro convulso e não um assovio de saciedade ou fastio.
Para que ela tivesse a certeza de que ele era ele, mais uma vez partiu para o mesno lugar de sua natureza.
Para que ela se equivocasse, ela até vestiu o mesmo vestido da última noite,
para confirmar a certeza de que não, não era ele,
não,
ainda não.
21:04 | Permalink | Comentários (0)
A My Captain (in memorian)
<span;>Para que ela não o reconhecesse, ele até pintou os cabelos
<span;>depois de ter irrompido de dentro do mar mais palpável do que cibernético, levando uma menina pela mão.
<span;>Um menino deus à procura dos óculos e de um mundo perdido.
<span;>Para que ela o notasse ele apareceu repetidas vezes em diferentes lugares
<span;>como um novo e insistente número mágico.
<span;>Para que ela o confundisse,
<span;>repetiram-se os cabelos, os olhos, a boca, até a textura da pele, a estreiteza dos quadris, a naturalidade e as circunstâncias do mundo que acabara de acabar, a mesma época do ano até.
<span;>Para que ela o reconhecesse,
<span;>ele até disse a senha: abre-te, sésamo
<span;>e ofereceu um mesmo peito duro de armadura
<span;>e umas mesmas espáduas mais propícias à insônia e à tormenta do que ao repouso e à calmaria, embora dessa vez tenha lhe oferecido também um choro convulso e não um assovio de saciedade ou fastio.
<span;>Para que ela tivesse a certeza de que ele era ele, mais uma vez partiu para o mesno lugar de sua natureza.
<span;>Para que ela se equivocasse, ela até vestiu o mesmo vestido da última noite,
<span;>para confirmar a certeza de que não, não era ele,
<span;>não,
<span;>ainda não.
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