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20-06-2007

O rabo da saia

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Por trás de um rabo de saia, há muitas vezes um rabo de palha. E como rezam os provérbios, “quem tem rabo de palha não senta perto do fogo”. Certo senador sentou e o que se deu foi incêndio no Palheiro. É que também como dizem os velhos ditados, “batina de padre ou saia de mulher chega onde quer”. Chegou aos noticiários.
É a história que se repete. Políticos com inclinação para a infidelidade – e não apenas a partidária – hora ou outra acabam vítimas da indiscrição ou dos impulsos vingativos de suas mulheres, as traídas, as enganadas, as abandonadas ou daquelas que apenas têm seus interesses contrariados. Todas as mulheres possuem seu lado Mônica, digo, Medéia. Bem o sabe Bill Clinton.
Há cerca de dois anos, publiquei no jornal O Popular uma crônica chamada “Enquanto elas bordam”. Falava das mulheres de políticos que protagonizaram escândalos no Brasil. Os escândalos da estação. Mencionava particularmente o caso da ex-esposa de um deputado, que enquanto aguardava o depoimento do ex-marido na CPI da estação, bordava calmamente a palavra CHEGA! Chega de quê? Corrupção? Não chegou.
Em tal crônica, sugeria aos homens, principalmente aos que de público não têm somente os cargos, que tomassem cuidado com suas esposas, pois enquanto elas bordam, ali inocentes, ocupando-se da casa, dos filhos, da própria beleza, dos compromissos sociais de seus eleitos, elas estão ouvindo tudo... E em dado momento, mais cedo do que tarde, se feridas ou contrariadas, podem vingar-se, atacando o ponto que mais lhes dói: o bolso ou a imagem. É que língua de mulher mal cabe dentro da boca. E línguas costumam crescer conforme a ambição das bolsas, enormes nesta estação.
Na época não mencionei, porém, que deveriam ser precavidos também diante da outra, a filial, a teúda e mantéuda, que se conforma com encontros em lugares discretos, que aceita segredos, chamegos e presentes, e que não vai se contentar um dia com qualquer pensãozinha alimentícia.
Mas políticos não costumam dar a ouvidos a mulheres, que em geral falam demais, que andam sempre insatisfeitas, que nunca se saciam com nada, que querem sempre mais um pouco, de atenção, de amor, de lealdade, de dinheiro. Que vivem a exigir isso e aquilo, o inconciliável e o impossível: vida pública e exclusividade, casamento e fidelidade.
Tenho que admitir, porém: nem todas agem assim. Há as que mudaram de partido, aquelas que já desistiram, que passaram por cirurgias de redução nos imensos estômagos femininos do desejo, que fizeram lipoaspirações nas suas ilusões românticas obsoletas, que freqüentaram até curso de “dança das cadeiras”. Essas já se conformaram com o inexorável: que mais difícil do que achar agulha no Palheiro é encontrar político que não seja amigo de empreiteiro. Essas não se iludem mais. Sabem muito bem que o rabo da saia é apenas a ponta aparente de um embaraçado e sujo novelo, e que não existem duas éticas: uma para a vida pessoal e outra para a vida pública.

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Comentários

Olá prima!
Gostei do teu espaço. Vou deixar um comentário no teu diário mensal. Lave as mãos aqui, como eu faço ali. Você escreve legal.

Escrito por: JorgeFernandes | 23-06-2007

Cássia, penso que seu texto suscita muitas questões, mas dentre outras uma fundamental, no caso relatado, a ausência completa de ética! Me refiro a impossibilidade de que haja duas éticas...O que acha? Um grande abraço. Guta.

Escrito por: Guta | 27-06-2007

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