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01-03-2007

Exorcismo

Quando eu era menina-lamparina- lá-em-Pontalina e meu pai mandava um velhinho me benzer contra minhas rabugices de criança envelhecida antes da vida, eu me escondia atrás da casa, de telha que bem não bate, debaixo do sofá de napa e na capa de batman do pé de abacate. E quanto mais o velhinho passava o raminho de arruda na minha cara, mais birrenta eu me tornava e com mais raiva e mais a velhice se cravava lá no fundo da criança que eu ainda aparentava. E como eu blasfemei. E como meus demônios se esgoelavam. E quanto me custou exorcizar mais tarde a infância que perdi na primeira idade. Eu recortava tudo. Eu maltratava tudo Eu destruí todos os livros e álbuns de retrato. Quantas terapias e fluoxetinas e outras heroínas-mulheres-maravilhas da moderna medicina foram necessárias pra sepultar a criança endiabrada. E tudo tão mais simples seria se meu pai, em vez de reza, me dado tivesse um lápis. Nem carecia de caderno, que sobre os muros caroquentos dos lares ou cemitérios eu riscaria minha baba verde e infernos eternos.

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Eu também!

Escrito por: pgalvez | 22-03-2007

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