12-03-2015
Abraços
Por Cássia Fernandes
Há diferentes tipos de abraços
como de gentes e entrelaçamentos
e afastamentos há no mundo.
Há aqueles que nos sugam,
que nos tomam tudo,
que nos arrancam pedaços.
Saímos deles menores do que somos,
encolhidos,
talvez até um pouco retalhados.
E há aqueles que nos entregam,
que nos doam,
e nós não doamos nada.
São abraços que são verdadeiros
bálsamos curativos.
Às vezes por eles nos enchemos de apego,
não queremos soltá-los,
como parasitas num bicho
ou árvore.
No sexo também,
tantas vezes nus
em pelo,
estamos mais do que vestidos,
encouraçados.
Nada entregamos.
Nada recebemos.
Nos tocamos e permanecemos
incomunicáveis.
E felizmente há aqueles,
em que se transmitem seivas,
durante os quais imensa paz se abate.
Confundem-se os braços e as almas,
a ponto de já não sabermos distinguir
quem abraça e quem abraçado,
quem mais ganha
e quem é contemplado.
Mas esses
– ah, como são raros –
e pensar que quando raramente os encontramos,
deles evadimos, assustados.
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03-03-2015
Ouvert
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