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29-07-2006

Que venham, se vierem, as flores!

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Inútil tentar tocar as flores,
prender em cestas
afogar em vasos.
Resta apenas
rogar que venham
e esperá-las,
estendendo a mão
sem nunca não
querer que caiam.

Que
no afã
de afiar tesouras
compor buquês
rodopiar em torno
feito mariposas,
caímos nos clichês
e colhemos
sombra
e simulacro
em vez
da própria coisa.

Fazemos ramalhetes
não das flores,
não com as cores
que têm
mas com as que nossos olhos
lhes vêm.
Ou com o odor
que deixam atrás de si
por compaixão, dores
ou solidão.

Sejamos, pois,
abnegados e contemplativos
como pintores.

E quantas vezes
não as perseguimos
em obstinação,
por capricho
ou pirraça.
Porque o mundo
e seus absurdos
tudo nos deu
de mão beijada
e nunca nos disse
calma!

É preciso dar
a vez aos beija-flores!
É preciso reservar
o pólen ao vento
ou aos bicos
e pés
de penas
de abelhas, artistas
e pássaros.

Mas flores
não vêm de graça.
Nem sempre vêem
ou vêm nas horas
derradeiras
do desespero.

Fazer o que,
se nem todos podem
ser botânicos
ou jardineiros!?
Se o mundo
é de engenheiros
e faustos.

Comentários

santa-
branca-
inveja.

Escrito por: marcos caiado | 29-07-2006

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