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01-01-2012

Sobre adeus, reis postos, nus e mortos

escritos para uso pessoal e doméstico,réveillon,2011,2012

 

O vestido

que eu havia comprado

na esperança de passar esta noite

e talvez uma vida

ao teu lado

jaz aqui vivo à espera,

de um corpo para vesti-lo

e um olhar para amá-lo.

 

Mas meu amor

por ti,

de flores, rendado,

encontra-se completamente morto,

velado e enterrado.

 

Eu ainda te terei dias e anos por perto,

mas será como se vestisses

o manto

do rei destronado.

 

Isto foi posto: o rei está morto.

O amor está morto.

 

Tirei de sobre teus ombros o peso e a beleza

que  paixão e  fantasia enxergam.

Voltarás a ser o que sempre foste:

um rei nu e feioso,

rodeado por uma multidão cega.

 

À meia noite quando estouram os fogos,

pela décima primeira vez me renegas.

À meia noite terás menos a mim

e mais de ti e de toda ela,

e o teu cetro

perdido e ereto.

 

Em 2011 te deixo

e nunca mais os meus beijos.

 

Ficas neste ano que passa.

O vento não fará voltar as folhas

das tuas escolhas

e do calendário.

És passado.

 

 

 

 

Comentários

Cássia,
Li este poema ainda ontem à noite (ano passado), mas só agora reli e comento. Muito bom. Sepultar os mortos é sempre preciso, buscar os vivos também.
Gostei do poema no geral, no conteúdo e na forma, bem como na forma como, com sutileza, você "denuncia" a forma de ser do "rei posto".
Beijo grande,
Ivan.

Escrito por: Ivan Bueno | 01-01-2012

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