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25-05-2008

O Giocondo

b6173d283643defa4f5123d4c9b924af.jpg Tudo o que eu fizer depois disso será obra menor, capricho de artista. Minha obra-prima já foi escrita. Rima pobre verso manco, romance sem clímax, Personagens planos e líquidos. É tudo assim ínfimo comparado a Fernando, ainda quando recém-chegado, recendendo a pequenino. Passei quase um ano pensando um homem, arquitetando, alimentando, construindo e deu nisso: meu Giocondo, enigmático, sereno, em seu semi-sorriso. Tão perfeito que por pouco não me gabo de que já nasceu acabado e que não precisa ainda de umas lapidadas e mãos de tinta. Porém sei que um filho não é uma obra de carne ou arte emoldurada e pronta, mas uma alma em obra pintando-se, aperfeiçoando-se e abrindo-se para o infinito. Resta-me agora desfazer o principal enigma, maior ainda que o sorriso esfinge de Mona Lisa: achar sabedoria para ajudar a transformar em espírito sólido de homem a esboço corpóreo do menino. Aos sete dias do nascimento de Fernando.