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12-04-2007

Caderno de inconstâncias

Este é meu caderno de inconstâncias. Por ele se vê que sempre começo e paro. Escrevo uma linha e na outra, falho. Parágrafo Passo dias em branco, em cabeçalho. Pulo páginas e margens. E meu caderno de inconstâncias vive de projetos inacabados, de sombras e teatros que se dão palcos de importância. E eu nem me dou o cuidado de borrachas. As contas de luz e água se misturam a altos estudos metafísicos para alta classificação em concurso de provas e títulos, em cargo bastante vago. A uma remela de olho a uma réstia de alho, do almoço, a um pescoço esganado e uns versos bastardos. De vem em quando, um fragmento de reportagem, um bico, um número de telefone, uma frase aflita por ser parida. Mas nem eu mais acredito que se possa perder assim impotente a vida. Mas não são quase todos dessa feição os humanos e os proscritos? Exceto os mui disciplinados. Porque os artistas, esses são parasitas da própria árvore. E se predestinados, e se danados por essa vocação maldita, vivem procrastinando, contrariando o destino. E se o deus que lhes deu missões, compromisso, feito algoz, direto lhes toma de volta a voz. Eis o que se deu comigo. E o que faço para tê-la de volta? Hoje não, hoje tenho preguiça. Amanhã, resposta, lhe bato de novo à porta. A porta. P.S: Bom é para Manoel de Barros, que a o menos, em vez de um caderno de inconstâncias, escreveu um Livro das Ignoranças.

Comentários

Cássia, cadê vc, que sumiu da Bula? Publique esse belo poema por lá.
abs
flavio

Escrito por: Flávio Paranhos | 18-04-2007

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