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13-11-2008

BLOGAGENS

Para não dizer que não falei da grama

Ao realizar hoje uma caminhada pelo Parque Vaca Brava, mais uma vez fui abordada por algumas garotas - pareceram-me estudantes - oferecendo panfletos que eu, naturalmente, recusei. Por mais que eu goste de ler, não posso e não costumo - minha coordenação motora de "gauche" não permite - assoviar e chupar cana ao mesmo tempo ou caminhar e ler simultaneamente. Além do mais, panfletos não são exatamente minha leitura preferida. O que quer que aquelas garotas estivessem oferecendo: convite irresistível para algum lançamento imobiliário ou intimação à minha consciência para participar de alguma campanha para doação de sangue, estavam oferecendo no momento errado, no lugar errado.
Não compreendo como essas empresas especializadas na distribuição de panfletos não percebem que parques onde pessoas realizam caminhadas ou corridas estão longe de ser o lugar ideal para entregar esse tipo de material. A maioria das pessoas vai ali para se exercitar e para isso precisa estar com as mãos e a cabeça livres. Vejo que muitas aceitam os panfletos a contragosto e se livram deles na primeira oportunidade, freqüentemente descartando-os na própria grama ou pista de caminhada. É mais lixo nas ruas, mais lixo para os garis recolherem ou para entupir os bueiros.
Aliás, questiono mesmo a eficiência desses panfletos como instrumentos de marketing. Será que as vendas compensam tanto papel gasto? Eu continuo a achá-los incômodos, desnecessários e ineficazes. Não me lembro jamais de ter saído à compra de algum produto assim anunciado. E também não me conformo com a distribuição nos semáforos. Por acaso revogaram a lei que proibía a abordagem dos motoristas ou, passada a safra de reportagens na TV, ela foi simplesmente esquecida?
Hoje, particularmente, tive vontade de escrever sobre isso porque as garotas que estavam distribuindo os panfletos pareciam cumprir alguma tarefa escolar. Vestiam camisetas iguais - confesso que não li o que estava escrito nelas - e tiravam fotos. E não foi a primeira vez que vi outros grupos agindo da mesma forma. Imaginei que se tratasse, por exemplo, de um trabalho para a aula de história, português ou geografia. "Invente uma forma criativa de mobilizar as pessoas a respeito de algum tema, como a importância da doação de sangue.". E lá foram as estudantes reproduzir comportamentos sem questioná-los, com o aplauso e consetimento da escola. Não sei se foi isso que ocorreu de fato, mas deixo aqui registrado o meu desagrado. Assim é que pessoas e escolas vão vivendo no piloto automático.
E para não dizer que minhas caminhadas só rendem resmungos, hoje também vi algo no parque que me chamou a atenção de forma positiva. Os trabalhadores do setor de parques e jardins da Prefeitura estavam cortando a grama com aquelas maquininhas barulhentas. Como trabalhavam em área próxima à rua, usavam telinhas de proteção, para evitar que algum resíduo, como pedras, que geralmente escapam daquelas máquinas, atingissem alguém, no parque ou mesmo dentro dos carros. Eu mesma, há algum tempo, quando passava de carro perto de uma dessas máquinas, já levei uma pedrada na testa. Por sorte foi na testa e não no olho, mas sempre me ocorreu que algum dia essa atividade, aparentemente tão inofensiva, poderia causar um dano mais sério a alguém. Finalmente a Prefeitura se deu conta desse risco e tomou uma medida simples, mas certamente eficiente.